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Sussurros Sinistros

Sussurros Sinistros

Seria o sapato da Cinderela um OOPART?

Hoje eu estava ouvindo minha mãe assistir Cinderela na Sessão da Tarde quando perguntas começaram a pipocar na minha cabeça: É possível para um ser humano andar com um calçado feito de vidro europeu da época feudal ou renascentista sem estilhaçar o frágil objeto? Provavelmente nem modelos fashion pesando de 48 a 50 quilos conseguiriam realizar tal proeza. Então o calçado de Cinderela é um OOPART (artefato fora de lugar, vindo do futuro) igual aos solados modernos de fibra de vidro?

Resolvi pesquisar para verificar se Cinderela é ficção ou folclore. De acordo com a Wikipédia <https://en.wikipedia.org/wiki/Cinderella>, desde a Grécia antiga, passando pela China, Pérsia e pela Europa renascentista, existem abundantes narrativas sobre mulheres solteiras em idade núbil que, mesmo pertencendo a classes sociais mais baixas, acabaram desposadas por príncipes. Algumas delas até perderam seus calçados e foram encontradas por este motivo. Mas nenhuma delas se chama Cinderela ou ostenta um calçado especial.

A exceção é a “Cendrillon” dum conto folclórico compilado pelo francês Charles Perrault em Histoires ou contes du temps passé (1697). Nesta variante a fabulosa Cendrillon não usava salto alto e sim “sandálias rasteirinhas de vidro” que foram provadas por toda a população feminina de um reino europeu inteiro e não couberam nos pés de ninguém além dos dela.

Qual o tamanho dos pés de Cendrillon? Muito abaixo da média, com certeza. E onde nós já vimos pezinhos minúsculos, neste período? A tradição dos “pés de lótus” era praticada na China, Coréia, Indonésia, Tibete, Japão e outras localidades da Ásia. Só foi proibida em 1949, pela nova república chinesa. Todavia, as modificações corporais obtidas pelo enfaixamento dos pés de crianças por ataduras, afim de que pudessem usar sapatinhos especiais, deixa o membro retorcido, com pontos fétidos de podridão.

Cendrillon não era uma oriental do passado que nunca tirava as meias. Ela, repito, usava “sandálias rasteirinhas de vidro”, um calçado translúcido exibindo a característica mutante que os orientais tentavam imitar. Na variante coletada pelos Irmãos Grimm, em Grimms' Fairy Tales (1812), uma humana rival serra os pés para caberem no minúsculo calçado, porém a deformidade artificial era visível e desagradou ao príncipe.

Contos folclóricos como este costumavam circular de forma oral por toda a Europa, dificultando o trabalho de quem quer que esteja interessado em descobrir sua origem. Mas suponhamos que tenha existido uma personagem histórica chamada Cinderela.  No mundo inteiro é costume nomear logradouros, monumentos, etc., em homenagem a personalidades conhecidas e importantes durante uma determinada época e lugar.

Pois bem, em Sibiu, na Romênia, existe um lago chamado Cindrelu onde os moradores das redondezas afirmam viver um zmeu ou dragão vermelho que as vezes voa até o céu e provoca tempestades de granizo. Quem foi a pessoa chamada Cindrelu que deu seu nome ao lago Cindrelu? Ninguém sabe.